quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

[Tiradas Nona Arte] Mafalda | Quino















"O que eu penso da Mafalda não importa. 
Importante mesmo é o que a Mafalda pensa de mim" Julio Cortázar

Em julho de 2012, Quino completou 80 anos. O cartunista argentino, mundialmente famoso por ser o criador de Mafalda, revelou que não sente falta da personagem. Quino possui uma obra grande e variada, focada principalmente em cartuns políticos e de humor. Claramente ele se mostra bastante incomodado pelo seu nome ser apenas ligado à ela e diz que a curiosa e sonhadora garota não é a sua personagem preferida. Liberdade faz mais o seu gosto. 

Independentemente do que seu criador pensa hoje, bastaram apenas nove anos de produção de Mafalda (a última tira foi publicada em setembro de 1974) para que ela atingisse a imortalidade dentro dos quadrinhos mundiais. Nascida das páginas do periódico argentino Primera Plana, a série chegou a Europa no álbum Mafalda, a Rebelde, que recebeu prefácio de Umberto Eco. Para o autor italiano Mafalda "uma heroína zangada que recusa o mundo como ele é, reivindicando seu direito de continuar a ser um menina e que não quer assumir um universo corrompido pelos pais." [1]































A tira em si surgiu de maneira inusitada. Mafalda foi criada para uma propaganda encomendada pelo Clarín a Quino. Aconteceu que a campanha publicitária foi cancelada e o cartum dispensado. Foi por sugestão do editor do Primera Plana que Quino transformou o projeto em uma série. Em 1965, ela mudou de casa, mudando-se para o diário El Mundo, ali permanecendo até o encerramento do jornal, em dezembro de 1967. A partir daí o sucesso credenciou a série para dar as caras em jornais, livros e até desenhos animados (realizado em 1982).

Mafalda se transformou em símbolo de cidadania e engajamento político, seu questionamentos sinceros e de ironia afiadíssimas faz o leitor refletir. Os pais de Mafalda geralmente são jogados contra a parede pelas perguntas e indagações de sua filha. Os clássicos questionamentos infantis são jogados dentro da perspectiva social. Mafalda é uma garota bastante consciente de seu lugar na sociedade. Tanto que em 1976, Quino retomou a personagem apenas para a criação de um cartaz para a UNICEF dentro da campanha de promoção dos Direitos Humanos (imagem ao lado).































Dentre os personagens mais recorrentes na tira, temos Mamã e Papá (pais de Mafalda), Manolito (seu amigo, filho de comerciante e por isso bastante ligado em dinheiro) e Filipe (mora do mesmo prédio dela, fã do quadrinho Cavaleiro Solitário e dono de uma grande imaginação), Susanita (representa tudo aquilo que Mafalda não é, burguesa e conservadora) e Manolito (personificação da inocência).











Desde o fim da produção da série, a publicação de álbuns compilando as fases das quase 1928 tiras publicadas são muito frequentes. No Brasil, as principais publicações saíram pela Martins Fontes, inclusive a mais recente delas, Toda Mafalda, que traz todas as tiras já publicadas.

Você pode não concordar com os posicionamentos políticos de Quino, contudo não há que negar o diferencial de sua obra. Mafalda é sobre filosofia, sociologia e alegria, seu humor não fica devendo para a reflexão. A profundidade da obra não esbarra em pedantismos. Seu espírito de criança não é menor que sua vontade entender o "mundo dos adultos". Por isso que Mafalda atinge os mais diversos públicos, nas mais diversas faixas etárias. Mafalda é cidadã do mundo

 


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