domingo, 17 de fevereiro de 2013

[Tirando o Pó da Coleção] Superaventuras Marvel #44

Uma das revistas mais importantes dos quadrinhos brasileiros, Superaventuras Marvel trouxe ao longo de suas 176 edições, que estendeu entre 1982 e 1997, desfilaram por suas páginas grandes histórias dos maiores heróis do universo Marvel, como Thor, X-Men, Capitão América, Hulk, Quarteto Fantástico, Conan, entre outros. Demolidor era dos personagens mais populares do título e a histórica passagem de Frank Miller por ele foi o alvo principal da publicação da editora Abril. Posteriormente, em 2002, a Panini resgatou esse material, republicando a fase em forma de encadernados.

A principal história da edição 44 do Superaventuras Marvel trazia Roleta-Russa, integrante da parte final da antológica fase de Miller à frente do título. Desde a edição 191 de Demolidor (Daredevil, no original), o autor e desenhista construiu uma intrincada trama que envolve o  Mercenário, Elektra, o amor de sua vida, e o próprio herói. Em Roleta-Russa vemos um Demolidor angustiado e vingativo, prestes a dar um fim a tudo e que propõe ao seu pior inimigo, o assassino de sua amada, um jogo de vida ou morte.

"Tradicionalmente, a Roleta-Russa só precisa de uma bala, uma arma e dois idiotas. No caso, nós." Foi com esse espírito jocoso e, ao mesmo tempo, amargurado que Demolidor vai fazer o seu acerto de contas com Mercenário. Enquanto esse jogo mortal se desenrola, o herói relembra uma das tragédias que mais lhe marcaram, de uma criança que levou sua admiração por ele às últimas consequências.

Em suas divagações, Demolidor toca em pontos reflexivos sobre a condição de herói, questionando suas motivações e o efeito de sua conduta sobre as pessoas. Além disso, volta seu olhar para si próprio e repassa sua infância, a educação recebida de seu pai e tenta chegar a uma conclusão sobre a pessoa que se tornou. Abordar tudo isso e ainda construir um clima tenso em apenas 22 páginas não é pouca coisa. Frank Miller em sua melhor forma.



























Na sequência de Roleta-Russa, a revista traz a história Os Astros Como Testemunha, originariamente saído na revista Marvel Two-In-One #49 de 1974. O atrativo aqui é ver a inusitada parceria entre Coisa e Dr. Estranho, que se unem para enfrentar o mago Ennis Tremelin. No mais, trata-se de uma trama simples e fechadinha, perfeito para o perfil de Superaventuras Marvel. 

A terceira história da revista é O Elo Mental, da revista Os Eternos #12 de 1977. Apesar de vir com o selo Jack Kirby (que roteiriza e desenha), trata-se de uma história que funciona mal, pois além de estar fortemente calcada em eventos anteriores (que afasta o leitor ocasional como eu), fica claro que foi bastante editada pela Abril para caber dentro do formatinho.

Por fim, temos Mesmo Que a Morte Nos Separe saído nos EUA na revista Uncanny X-Men #144 de 1981. A edição, que conta com roteiros de Chris Claremont e desenhos de Brent Anderson, mostra Scott Summers fora dos X-Men e trabalhando como encarregado em uma embarcação. Ainda amargurado pela perda de Jean Grey, ele faz companhia a capitã do navio em uma visita ao seu pai. O que ambos não esperavam é que o pai dela tinha sido morto por Desespero. A história ainda conta com a participação do Homem-Coisa, que ajuda Ciclope no embate com vilão. 

É assim que se fecha uma das edições dessa significativa revista que povoou as bancas brasileiras por quase duas décadas. Ainda que se possa questionar as decisões editorias da Abril em relação à revista e seu conteúdo, é preciso reconhecer que ela foi importante para a difusão dos personagens Marvel no Brasil.

Roleta-Russa
Daredevil #191
**** (8,5)
Marvel | 1983
Roteiro e Arte: Frank Miller
Arte-Final: Terry Austin

Os Astros Como Testemunha
Marvel Two-In-One #49
*** (6,0)
Marvel | 1979
Roteiro: Mary Jo Duffy
Desenho: Alan Kupperberg
Arte-Final: Gene Day

O Elo Mental
Eternals #12
Marvel | 1977
Roteiro e Desenhos: Jack Kirby
Arte-Final: Mike Royer

Mesmo que a Morte nos Separe
Uncanny X-Men #144
*** (6,5)
Marvel | 1981
Roteiro: Chris Claremont
Desenho: Brent Anderson
Arte-Final: Josef "Joe" Rubinstein

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