quarta-feira, 20 de março de 2013

[Tiradas Nona Arte] Overman | Laerte











Ainda que super-heróis nacionais tenham atualmente pouquíssima repercussão nos quadrinhos, eles constituem num número razoável de personagens. De pouca exposição sim, mas não se pode acusá-los de ser menos marcantes que seus equivalentes gringos. Somente para citar alguns exemplos mais famosos, o panteão brasileiro é composto com figuras do calibre de Necronauta (criação de Danilo Beyruth), Vigilante Rodoviário (inspirado no seriado da TV Tupi de 1961) e Lobo Guará (criação de Carlos Henry, nascido em fanzines e que ganhou um arco de 3 edições publicados pela Editora Escala em 2003). Somando-se a esse time, está a contribuição de Laerte: Overman!

A inspiração do cartunista brasileiro foi os heróis americanos, principalmente durante a fase clássica capitaneada por Stan Lee e Steve Ditko. Visualmente Overman foi baseado no super-herói espacial de Hanna-Barbera, Space Ghost. Se não é o mais destemido, corajoso, forte ou magnânimo exemplo da literatura brasileira, é certamente um dos mais cômicos e cheios de dúvida entre todos. 

Afinal, ser herói não é sempre estar com a razão! Ao mesmo tempo que Overman voa pelos céus de São Paulo ele precisa conviver com um orçamento apertado e dúvidas em relação a sua real natureza. Para auxiliá-lo em ambas as situações é que o herói divide uma pensão quase em ruínas no Ipiranga com Ésquilo, fiel escudeiro, que vive se desculpando por mandar mal.






























Suas características são controversas: egoísta, hedonista e infantil. Por isso ele é eventualmente mal compreendido pelos seus protegidos (principalemente nas sextas-feiras - explica-se depois). Porém, em momentos de grandeza, Overman salvou o dia em diversas oportunidades, ao enfrentar diversos super-vilões que colocaram a prova todo o seu poder. Entre os vilões mais importantes (e letais) estão o Maníaco Flatulento,o Capítalista Imundo e o crápula misterioso que vive lhe passando trotes. Rotina difícil!






















Mas Overman também sabe se divertir e se permite a momentos de recreação incomuns aos heróis convencionais. Mas nada supera os momentos de puro entretenimento proporcionado pelo fliperama. Algum invejoso pode contra-argumentar falando que essa diversão alcançou o vício há muito tempo. Apenas ponto de vistas, diria o nosso indefectível protetor da terra da garoa.

Além disso, ainda que Overman seja notabilizado por sua dedicação ao ofício (invejosos discordarão), ele muda todos os seus princípios na sexta-feira. A temida sexta-feira, dia em que deixa de lado seu lado heróico e vai a caça, literalmente, de sexo. E o pesadelo de ser o escolhido não segrega sexos.































O personagem surgiu em meados de 1999 nas páginas da Folha de S. Paulo, veículo que lançou todas as cercas de 400 tirinhas produzidas. Uma seleção de 150 delas foi reunida no álbum Overman - O Álbum, O Mito publicado pela Devir em 2003. O seu editor, na ocasião do lançamento, fez uma pertinente observação ao afirmar que Overman desmitifica aquela obrigação de que o herói não pode falhar, ele não só falha, mas como falha sempre [1].

Após Overman, Laerte repensou sua maneira de criar tiras e passou a não fazer mais tiras de personagens. Em declaração dada ao blog do Pedro de Luna, do Jornal do Brasil, foi feita a revelação: “Eu não faço mais histórias com personagens. Fico pensando mais ou menos o tempo inteiro em problemas envolvidos pelas histórias, e isso produz idéias - umas ruins, outras melhorzinhas. Eu parei de trabalhar com personagens, só isso. Qualquer personagem: Overman, Gatos, Síndico, Zelador, Capitão dos piratas, Fagundes… Tudo isso é passado na minha rotina de trabalho. Não há histórias novas

Laerte é um gênio da arte sequencial e sua galeria de personagens é uma das mais ricas e relevantes. Ainda que abandone a criação de tiras de personagens, sua contribuição é inquestionável.





























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