domingo, 3 de março de 2013

[Tirando o Pó da Coleção] J. Kendall - Aventuras de Uma Criminóloga #1

Giancarlo Berardi, um dos principais autores de quadrinhos italianos, já havia no seu currículo a autoria de um dos principais títulos da Bonelli, Ken Parker, quando lançou em outubro de 1998, Julia - Le avventure di una criminologa. No Brasil, a Mythos começou a publicar a série em novembro de 2004, seguindo a publicação original italiana com a história Os Olhos do Abismo, edição esta em que tirarei o pó na coluna de hoje.

Antes de tudo, é importante mencionar que Kendall tem uma publicação bastante problemática no Brasil, sobrevivendo com cancelamentos, vendas baixas, mudança de título, mas também com premiações, dado que ganhou em 2010 o Troféu HQMix na categoria Publicação de Aventura/Terror/Ficção. A mobilização dos leitores e fãs da série foi determinante para que a série sobreviva até hoje, inclusive, idealizando uma campanha de internet onde convocavam todos para prestigiar o título.



Como o próprio título da série sugere, Júlia Kendall é uma criminóloga, especialista em traçar o perfil de criminosos, incluindo aí suas motivações, angústias, modus operandi, enfim, ela é uma estudiosa sobre todos os aspectos que cercam o cometimento de um crime. Ela não é uma policial, apesar de seu trabalho muitas vezes auxiliar nas investigações. Seu interesse, acima de tudo, é compreender a mente por trás de cada crime.

Para conseguir transmitir todo esse conhecimento sobre crimes, Giancarlo Berardi precisou estudar muito a sobre a matéria, frequentando cursos de criminologia. A verossimilhança passada pelo papel de Júlia vem daí. O início da série é pontuado com diversos diálogos com uma forte pegada introdutória sobre a profissão de Júlia, chegando até citar nomes de estudiosos reais, o que enriqueceu ainda mais a ambientação da série.

Nessa primeira edição acompanhamos o atribulado dia-dia de Júlia que dá sinais claros de ser uma verdadeira workaholic, atolada em diversos compromissos na faculdade e investigações pessoais. Sua vida pessoal se mostra problemática e a companhia de seu gato, Toni, se mostra perfeita pra sua personalidade. Júlia também conta com a companhia quase diária de Emily Jones, uma espécie de empregada que frequenta sua casa, mas que cumpre o papel de mãe coruja.

Essa rotina diária é quebrada quando uma de suas alunas é misteriosamente morta por um misterioso serial-killer. Ao lado da polícia, Júlia passa a participar das investigações, se valendo do seu peculiar método  de identificação do criminoso. Apesar de revelar o mistério de quem seria o criminoso, essa história irá se prolongar pelas próximas duas edições.

O ritmo da trama é agradável e é bastante eficaz em capturar o leitor, ainda que a arte (assinada Luca Vannini) destoe da qualidade costumeira das produções da Bonelli. Vários personagens tem traços bastante imprecisos e borrados, ainda que Julia se apresente bastante definido (sua aparência foi livremente inspirada na da atriz Audrey Hepburn).

Atualmente, a série está na edição 98 e aparenta estabilidade (se é que algum título de quadrinhos no Brasil goza dessa qualidade) no checklist da Mythos, para o alívio dos desconfiados fãs de fumetti no Brasil.


Júlia - As Aventuras de Uma Criminóloga #1
Julia - Le avventure di una criminologa #1
Bonelli Comics | outubro de 1998
Mythos Editora | novembro de 2004
Roteiro: Giancarlo Berardi
Arte: Luca Vannini
Capa: Marco Soldi

Nenhum comentário:

Postar um comentário