sexta-feira, 19 de abril de 2013

[Review] Batman: Asilo Arkham | Morrison e McKean

A Panini lançou recentemente a edição definitiva de uma das graphic-novels de maior sucesso das história: Asilo Arkham. A última publicação foi da própria Panini em forma de encadernado há dez anos atrás. O volume agora lançado é o equivalente à edição americana em que se comemorou os 15 anos do lançamento da obra. Capa dura, papel de ótima qualidade, cheios de extras (inclusive o roteiro original com comentários de Morrison e Mckean) e com posfácio de Karen Berger tentam justificar o preço salgado de sessenta reais geralmente cobrado no mercado. Porém, apesar do apuro editorial e gráfico, ela não está imune a algumas críticas.

O que mais se destaca nessa nova versão é o novo letreiramento. A graphic-novel é muito cerebral, fazendo muito uso de conceitos oníricos e psicológicos e as letras tem o importante papel de passar o caos e confusão mental dos personagens, especialmente do Coringa. A parte inicial da obra é marcado por várias falas que são grafadas com letras pouco estilizadas se comparadas às versões anteriores da Abril e da própria Panini. Aqui, o leitor chega a ter dificuldades para identificar o conteúdo de tão pequenas e apagadas está o letreiramento. A melhor opção seria manter o trabalho de Lilian Mitsunaga das versões anteriores.


Mesmo após tantos anos de seu lançamento (a graphic-novel é de 1989) a obra mantém seu frescor e relevância. Grant Morrison escreveu uma história de Batman muito diferente do que vinha até então sendo trabalhado. Em Batman - O Cavaleiro das Trevas vemos uma versão do herói mais literal e violenta, mas Morrison previlegiou o lado psicológico de seu universo, criando uma trama mais cerebral que brinca com conceitos de sonhos e realidade a todo momento.

Asilo Arkhan começa com um motim dos internos do lugar, assumindo o seu controle e fazendo inúmeros reféns. Eles tem apenas uma exigência: que Batman pessoalmente vá ao asilo. Exigência imediatamente cumprida pelo cavaleiro das trevas. Liderado por Coringa, os pacientes do lugar somente querem colocar a prova a sanidade e equilíbrio do herói.

A trama retrata ainda as origens do asilo, bem como a história de vida de Amadeus Arkhan, seu fundador, e que teve sua mulher e filho brutalmente assassinados pelo criminoso "Cachorro Louco". A trajetória do médico psiquiatra foi sempre marcada pela mácula da loucura. Mesmo dedicando sua vida ao estudo da doença, ele não conseguiu escapar do trágico destino de sua mãe.

Para retratar esses conceitos nada melhor que a arte de Dave McKean. Seu trabalho é composto por uma interessante combinação de desenhos, colagens, pinturas e fotografias, cujo resultado é uma experiência singular dentro dos quadrinhos. Realidade e ilusão são conceitos de contornos tênues, que continuamente se entrelaçam. Morrison soube explorar muito bem o seu talento. Superada a estranheza inicial (para aqueles desacostumados com a arte do artista), o leitor passa a ter uma experiência acima da média quanto ao seu envolvimento com o clima da trama.

A experiência é mais enriquecida se o leitor optar de fazer uma segunda leitura da obra, mas dessa vez partindo do roteiro de Grant Morrison que acompanha a edição. Assim, é possível entender diversos elementos que eventualmente tenham passado batido e que dão mais profundidade e significado para essa perturbadora história. Junto com o roteiro, há comentários do próprio Grant, que justifica alguma escolhas e dá uma verdadeira aula sobre alguns aspectos de simbologia e magia. Um complemento necessário para os fãs da história.

Asilo Arkham, tirando alguns deslizes, recebeu o merecido tratamento por parte da Panini e que vale a pena ser adquirida, apesar do preço salgado de R$60,00 que geralmente é cobrado pela obra. É a obra que lançou Grant ao estrelato do mundo dos quadrinhos, ao passo que até hoje ostenta o qualificativo da graphic-novel mais vendida da história.

Batman: Asilo Arkham - Uma Séria Casa em um Sério Mundo
Arkham Asylum: A Serious House on Serious Earth
**** (8,5)
DC Comics | outubro de 1989
Roteiro: Grant Morrison
Arte: Dave McKean

2 comentários:

  1. se notabilizar mundialmente por seu trabalho em Sandman?????????

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  2. Opa! Falha nossa... decerto pensei em McKean no momento. Obrigado pelo toque.

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