Na segunda edição da coluna, trazemos um pouco da arte de um dos melhores e mais famosos mangakás, Inoue Takehiko. A opção por ele não foi uma aleatória, seu desenho representa tudo aquilo que essa coluna pretende mostrar: a personalidade por trás do traço, o desenho como arte, que não perde em nada para qualquer outro pintor reconhecido mundialmente. Sua arte, bem como também suas obras, transbordam de significado e enriquecem extremamente os quadrinhos mundiais.
O primeiro sucesso de Takehiko foi Slam Dunk, que durou de 1990 a 1996 e vendeu cerca de 100 milhões de cópias somente no Japão, feito extraordinário para qualquer artista. A trama gira em torno de Sakuragi Hanamichi, garoto que somente entra no time de basquete para impressionar uma garota, mas acaba se apaixonando pelo esporte, não sem antes passar por diversos contratempos. O título contribui para difundir o esporte no Japão.
Em 1998 Takehiko deu início a um mangá que, ainda que não tenha alcançado o sucesso comercial de Slam Dunk, permitiu que autor alcançasse seu auge artístico. Vagabond recria a história de um dos heróis nacionais japoneses, Miyamoto Musashi (1584-1645), famoso samurai japonês criador do estilo de luta com duas espadas chamado Niten Ichi Ryu e escritor do tratado sobre artes-marciais conhecido como o Livro dos Cinco Anéis.
Vagabond possui uma das melhores artes exibidas em um mangá regular. Preciso no traço, seus desenhos são absolutamente impecáveis e riquissimamente detalhados. Cada quadro é equivalente a uma obra de arte. Esse preciosismo e os problemas de saúde de Takehiko justificam o grande hiato geralmente existente entre os volumes. Entre o volume 33 e o 34 (lançado em novembro de 2012), por exemplo, houve um intervalo de quase um ano e meio.
O mangá, iniciado em 1998, saí até hoje no Japão pela revista Shūkan Mōningu da Kodansha. Foram produzidos até hoje 34 volumes, atingindo uma marca de mais de 82 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. No Brasil, a Conrad Editora lançou 44 volumes em formato standard e 14 edições de sua coleção definitiva.
Contudo, Vagabond vitimou-se de um mal que cerca quase todos os quadrinhos brasileiros: o cancelamento. Tanto a versão standard, quanto a definitiva sofreram com o cancelamento precoce depois de várias más opções editoriais. Desde então, a série permanece incompleta no país e nenhuma editora ainda anunciou o relançamento da obra.
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