quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

[Galeria Nona Arte] Neal Adams












Descrevê-lo em uma palavra? Gênio.
Joe Quesada, editor-chefe da Marvel

Nessa edição do Galeria Nona Arte falaremos um pouco de um dos maiores quadrinistas da história, cujo trabalho marcou e época e reinventou o modo como era produzido quadrinho. Para muitos, o melhor artista de todos os tempos. Falaremos agora de Neal Adams, grande nome da indústria e referência artística, cujos trabalhos com personagens como Batman, Lanterna Verde e Vingadores lhe renderam lugar garantido no panteão da Nona Arte.

Neal Adams iniciou sua carreira aos 19 anos na Archie Comics desenhando Bat Masterson, mas somente ganhou projeção a partir de 1965, quando passou a trabalhar (depois de algumas rejeições) na National Comics (atual DC)  desenhando capas de diversas revistas da editora. Seu primeiro trabalho de destaque foi em uma edição da Strange Adventures, quando fez uma história do Desafiador, personagem que, desde então, passou a nutrir uma forte ligação.



Foi a partir da década de 70 que Neal Adams criou suas principais obras e assumiu a arte de títulos que até hoje são lembrados como marco nas história dos quadrinhos. Esse período prolífico coincidiu com o período passado na DC. Não que sua passagem na Marvel tenha sido ruim, muito pelo contrário, mas ocorre que seus resultados mais expressivos se deram ao lado do roteirista Dennis O'Neil, junto com o qual criaram obras imortais como Lanterna Verde/Arqueiro Verde e Batman

Foi durante essa fase que Adams fixou parâmetros estilísticos de Batman que até hoje são importantes e utilizados, agregando em definitivo a aura sombria pela qual é associado até hoje. Foi na revista World's Finest, em meados de 1968, que Adams iniciou seu trabalho com o homem-morcego. Sua versão do cavaleiro das trevas agregou dinâmica onde até então era estático e pouco ergonômico. Nessa fase, Adams também recebeu valiosas contribuições de Dick Giordano, que arte-finalizou vários de seus desenhos.

Adams desenhou diversos personagens DC, inclusive Superman, que, na companhia de Dennis O'Neil, criaram a história Superman Vs. Muhammad Ali, recentemente lançada pela Panini Books e considerada uma das melhoras aventuras do herói. A capa da edição já se tornou uma das mais famosas e lembradas da história, em parte devida a brincadeira feita pelo artista ao adicionar diversas personalidades em meio à plateia. Na edição original, inclusive, era proposto o desafio de encontrar todas as celebridades em meio à multidão.

Em ascensão dentro da DC, não demorou muito para a concorrente, Marvel Comics, se interessar pelo artista e o levar para lá. Nessa fase ele tomou frente, junto do roteirista Roy Thomas, de X-Men, que estava a beira do cancelamento. Essa parceria durou oito edições, entre maio e dezembro de 1969.

Nessa breve passagem de Neal Adams pela Marvel no começo dos anos 70 ele conseguiu escrever histórias antológicas. Uma delas ocorreu durante sua passagem pelo título dos Vingadores. Uma das histórias dessa fase, inclusive, é atualmente indicada por muitos fãs como uma das melhores do grupo, A Guerra Kree-Skrull. Clássico de 1971 roteirizado por Roy Thomas (durante sua clássica passagem entre 1967 e 1972),  plantou as sementes para o modelo de grandes sagas e se estendeu entre as edições 89 a 97 da revista Avengers.


Depois de marcar época com os personagens da Marvel e, principalmente, da DC, Adams se juntou a Dick Giordano e fundou a sua própria editora, a Continuity Associates, onde realizou trabalho para diversas corporações produzindo ilustrações comerciais e ajudou a criar novos ilustradores para o mercado. 

Outro ponto sempre citado sobre ele em suas biografias é o seu engajamento para a causa dos artistas frente a indústria dos quadrinhos. Sua principal causa foi a proteção aos direitos dos artistas. Reivindicava que as editoras devolvessem os originais enviados aos seus respectivos criadores. Assim, os artistas poderiam fazer uma renda extra vendendo esses originais a colecionadores. 

Nos últimos anos, Adams passou a ilustrar obras mais curtas, geralmente preferindo por trabalhos menos desgastantes que um título mensal. Nessa dinâmica ele assinou a arte de alguns títulos, como X-Men e Jovens Vingadores. Em 2010, de volta a DC, ele roteirizou e desenhou a minissérie Batman: Odyssey, (ainda inédita no Brasil), cuja primeiro volume teve seis números e a segundo, concluído em junho do ano passado, sete.

Atualmente com 71 anos de idade, ele ainda se mantém ativo e continuamente convidado a participar de eventos e convenções, onde invariavelmente é tratado como um popstar. Pudera, seu legado para os quadrinhos é substancial, influenciando uma geração inteira de artistas. Geração essa que ocupa os espaços no mercado e produz o quadrinho que você lê todos os dias. 

Diversas coletâneas sobre a obra de Adams já foram lançados no Brasil, principalmente pela Panini, que já investiu em obras especiais sobre o artista, como Batman Ilustrado Por Neal Adams, de 2008, O Universo DC Ilustrado Por Neal Adams, de 2009 e Grandes Clássicos DC - Lanterna Verde e Arqueiro Verde, lançado em dois encadernados em 2006. 

Falar sobre Neal Adams nunca é demais. Certamente essa breve matéria não faz jus a ampla e produtiva carreira desse importante artista da Nona Arte. Sua influência rompe barreiras de editoras e tendências acadêmicas, o alcance de sua arte tocou a indústria como um todo e não deixa indiferente aquele que se debruça sobre sua história. Por isso, sua arte é item obrigatório em qualquer coleção, em qualquer galeria.


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