quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

[Tiradas Nona Arte] Recruta Zero | Mort Walker











Mesmo após invejáveis 62 anos de publicações, Recruta Zero (Beetle Bailey, no original) mantém um bom fôlego e bastante prestígio em todo o mundo. Números de 2010 indicavam que a tira era publicada em cerca de 1.800 jornais em todo mundo. Seu criador, Mort Walker, ainda se mantém à frente da criação, contando com a colaboração de outras três pessoas e de seu filho, Greg. Toda essa popularidade, todavia, foi conquistada a duras penas e diversas reorientações de enredo. Walker ainda precisou enfrentar a rejeição do Exército contra a série. Mas de nada valeu a resistência, ao contrário, foi exatamente ela que alçou a tirinha para a popularidade que mantém até hoje.

Nascido em setembro de 1950, a inusitada da trajetória de Recruta Zero se deve que o personagem não era originalmente um soldado do Exército. Zero era estudante de universidade e suas aventuras retratavam o cotidiano de dentro do campus. Foi uma fase de pouco sucesso, onde sua publicação era restrita a poucos jornais americanos. Somente depois de alguns anos de publicação e influenciado pelo início da Guerra da Coréia em meados de 1950, que Mort Walker decidiu fazer seu personagem se alistar. Uma mudança nos rumos da série era bem-vinda, posto que o risco de cancelamento pela King Features Syndicate era iminente.













Ao ambientar sua série em uma base Exército e fazer de seu personagem principal um soldado preguiçoso e desobediente, Walker visava se aproximar do leitor tentando retratar um cenário mais familiar ao seu público. Na obra O Melhor do Recruta Zero, lançado no Brasil pela LPM Editores, Mort Walker comenta sobre essa mudança de rumos: "Talvez isto seja o melhor de se fazer histórias em quadrinhos. Você não precisa morrer abraçado com seu primeiro erro. Está livre para criar novos erros a qualquer hora."

Somente depois que Zero se fixou no Quartel Swampy que a série alçou o sucesso. Assim surgiu também os primeiros personagens clássicos da série, como o Sargento Tainha, superior de Zero e que personifica toda a repressão e autoridade truculenta oriunda do Exército. Quase sempre aparece esbravejando ordens e sendo tapeado pelas inventivas soluções de Zero para não pegar no pesado. Com o passar dos anos foi ganhando uns quilinhos e amenizando seu rígido comportamento. Até ganhou a companhia de um cachorro de estimação, Otto. É um dos personagens mais engraçados da tira e um ótimo contraponto à Zero.








































O único personagem que rivaliza em popularidade com o Sargento Tainha é Dentinho. Dotado de uma simplicidade e alienação ímpar, o personagem é aquela pessoa que qualquer pessoa quer ter por perto, seja como fonte inesgotável de risadas ou apenas para subir o seu próprio ego. É o típico cara "sem noção" que se além de se meter em muitas confusões, é bastante explorado por seus companheiros de farda. Melhor fonte para gags impagáveis é difícil encontrar.

Recruta Zero talvez seja a série de tirinhas com o melhor plantel de personagens secundários. Todos são bastante naturais e engraçados em suas participações. Complementa o elenco principal (para ficar em apenas alguns personagens) o General Dureza (pouco afeito aos assuntos do Exército ele é a maior autoridade do campo), Quindim (garanhão inveterado e  boêmio) e Srta. Tetê (secretária do General Dureza e pretendida por quase todos no quartel).
































Liderado por Zero e sempre contando com o talento de Mort Walker na condução das publicações, Recruta Zero repetiu no Brasil o sucesso alcançado em sua terra natal. Até hoje, o apelo da tira é grande, posto que ganhou em março passado uma revista pela Pixel Media, onde divide as páginas com outras séries da King Features Syndicate (como Hagar, O Horrível). Atualmente a  revista possui seis edições lançadas.

A realização máxima de Walker contínua relevante mesmo depois de mais de meio século de história. Por mais que o tempo passe, a sátira sobre o Exército pouco se desgastou. Mérito para Walker que soube adaptar às demandas do seu público e soube, como poucos autores, a hora de mudar de rumos e fazer novas apostas. Nem mesmo a forte oposição do Exército à série (chegando a banir suas tiras das páginas do seu jornal oficial, Stars and Stripes) abalou suas tiras ácidas, mas não menos engraçadas e espirituosas. Ao contrário, Walker lançou um olhar mais humano e descontraído a uma instituição célebre em reprimir condutas, digamos, mais espirituosas.


Um comentário:

  1. Esta tirinha está entre os grandes sucessos do King Features (http://kingfeatures.com). E foi a última tirinha que teve a aprovação pessoal do grande William Randolph Hearst.
    Esta é uma das tiras que tem um vasto elenco de personagens.
    Vários jornais brasileiros veiculam (e os que já veicularam) esta tira. Entre eles: O Globo, O Estado de S. Paulo, Zero Hora, A Tarde (Salvador - BA), Correio Popular (Campinas - SP), Estado de Minas, Jornal de Brasília, Diário Popular (hoje Diário de São Paulo), Diário de Pernambuco, Diário do Nordeste, A Gazeta (Vitória - ES), Diário de S. Paulo (o original, dos Diários Associados), Notícias Populares, Última Hora, Jornal do Tróleibus e muitos outros...
    Aproveitem para visitar o site oficial desta tirinha, cujo link é o seguinte: http://beetlebailey.com.
    Desejo-lhes uma boa sorte nesta visita!

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