Na continuação dos eventos dos célebres arcos O Longo Dia das Bruxas e Vitória Sombria, a dupla Jeph Loeb e Tim Sale novamente se junta para produzir essa minissérie em seis edições sobre a femme fatale de Batman. Apesar de não ser continuação direta dos eventos citados, Cidade Eterna retoma algumas pontas deixadas anteriormente e explora a busca de Selina Kyle sobre informações sobre seu passado.
No entanto, a história é facilmente apreciável pelo leitor ocasional, pois não exige grandes conhecimentos sobre cronologia, apesar de várias referências estarem presentes. Loeb nos trouxe aqui uma história divertida e interessante, acessível para quase todos os gostos.
A história se inicia mostrando Selina Kyle desembarcando em Roma em companhia do Charada. O motivo da viagem, a razão dos dois estarem juntos, além de outros detalhes, não são prontamente revelados, instigando a curiosidade do leitor. Vemos que Selina tem assuntos pendentes com a máfia italiana, pois o chefão do lugar tem muito a saber sobre a máfia de Gotham.
Esses acontecimentos são apresentados de uma forma bastante agradável e natural. Por mais que muita gente tenha bastante reserva com Jeph Loeb, tem que se reconhecer que em Cidade Eterna ele foi muito hábil no que tange ao formato narrativo adotado. Aqui, a maior parte da ação está acompanhada da narração em terceira pessoa de Selina, permitindo uma abrangente compreensão e contextualização das cenas. Em certos momentos, o que poderia ser uma enfadonha cena, se torna algo cheio de significado. Nada foge do poder de observação e ironia da Mulher-Gato.
Nem algumas inconsistências na trama (como o fato de Selina tentar disfarçar que é a Mulher-Gato, quando isso ficou óbvio demais) chegou a prejudicar o resultado final.
A arte merece considerações a parte. O resultado alcançado pela arte de Tim Sale e pela colorização de Dave Stewart é deslumbrante. A minissérie merece uma segunda leitura justamente em razão da arte diferenciada que permeia a obra. Por isso mesmo, ela preza por quadros maiores, por tomadas mais amplas, de forma que a história se escorasse de sobremaneira nas imagens. Sale não decepcionou nesse atributo.
Além dos desenhos, a arte não seria a mesma sem as cores de Stewart, que se apoiou bastante nos efeitos de aquarela sobre os tons de cinza de Sale. O resultado dessa combinação foram algumas artes belíssimas, incomum de se achar atualmente em qualquer publicação. Além disso, agradou-me bastante a justaposição bem definida dos quadros, sem as usuais artes mescladas, que atualmente fazem as vezes da separação em quadros de vários quadrinhos de herói (como vemos hoje em O Monstro do Pântano e Superman).
Pode-se dizer, ao final, que Cidade Eterna foi um dos melhores quadrinhos de herói que tive o prazer de ler recentemente. Vale pela aventura (que apesar de enrolar um pouco, diverte muito), vale pela arte sob a batuta de Sale e Stewart. Uma HQ pra guardar e ler de tempos em tempos.
A Panini lançou em julho passado um álbum compilando as seis edições da minissérie no embalo produzido pelo lançamento do filme Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge. A editora italiana fez um trabalho muito bom com a edição, ao aliar um formato de luxo (capa dura e papel LWC) e um preço acessível (R$23,90).
Mulher-Gato: Cidade Eterna
Catwoman: When in Rome
***** (9,0)
DC | novembro de 2004 a agosto de 2005
Panini Books | julho de 2012
Roteiro: Jeph Loeb
Arte: Tim Sale
Cores: Dave Stewart
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